Um dos elos, talvez o principal, seja o das lideranças. Se essas estiverem imbuídas de princípios alinhados à causa trabalhista, ao combate à corrupção, e com a real determinação na formação de quadros políticos partidários, teríamos uma chance. Porém, permanecemos no mesmo, sem nem saber ao certo em torno de quê. Tenho estudado muito, além dos fatos relacionados à nova ordem econômica, o multilateralismo e, por consequência, a queda do império e a substituição do dólar.
Tenho estudado, como disse, o fenômeno de López Obrador, do Movimento Regenerador Nacional, no México, que acaba de transmitir o cargo de presidente para Claudia Sheinbaum. Seis anos de governo, com mais seis por vir. Com o povo, tudo; sem o povo, nada. Ele enfrentou o império, enraizou seu partido em todas as camadas sociais, excluindo a elite. Enquadrou o Judiciário. Como? Os dirigentes partidários construíram esse partido junto aos campesinos e aos indígenas, sem jamais se afastarem deles. Houve rodízio nos quadros partidários, com preferência por jovens e mulheres. Claudia é a primeira mulher presidente do México. Todos são socialistas, esquerdistas de verdade, não apenas no discurso, mas também nas ações de governo, assumindo medidas de proteção aos interesses populares. Impuseram um modelo econômico, assim como Brizola fez no Rio Grande do Sul. Empresas de qualquer nacionalidade são bem-vindas, desde que deixem no México os lucros, as tecnologias e o conhecimento. É evidente que isso não tem qualquer semelhança com o Brasil desde 1964. Passaram-se 20 anos e absolutamente nada mudou nas instâncias partidárias.
Então, a realidade está posta: se não mudam os quadros, nem a mentalidade, nem os propósitos, nem o discurso, nem as formas de fazer partido e política, como o povo vai nos identificar? Como vai nos acompanhar, se o discurso dos dirigentes é igual ao da direita?

