Nas últimas quatro eleições – um período de 16 anos –, os resultados no país demonstram uma acentuada queda no número de deputados federais, prefeitos e vereadores eleitos por partidos de esquerda. Alguns partidos, inclusive, desapareceram. O PDT, em particular, parece ter esquecido suas origens. Insiste em não renovar seus quadros partidários, perdeu seu discurso programático e ideológico, e continua a negar sua identidade trabalhista, como se tivesse vergonha dela. O partido tem tido dificuldades para lidar com o voto útil e não consegue apresentar argumentos que convençam setores como os lojistas e os agronegociantes, além de enfrentar grandes desafios em bairros populares.

As instâncias partidárias, tanto a nível nacional quanto estadual, não têm promovido debates através de seminários ou congressos e não aproveitam ferramentas modernas, como reuniões online, para se aproximar da base e fomentar discussões. Isso em um momento em que o mundo está mudando rapidamente. A hegemonia norte-americana está desmoronando, o dólar está em queda, e os BRICS estão ganhando força, junto com uma nova consciência multilateral envolvendo China, Índia e Rússia, nossos principais parceiros comerciais. E, no entanto, não temos coragem de discutir essas transformações ou propor uma estratégia clara de como nos posicionar diante delas.
Enquanto isso, a direita cresce de forma impressionante, com sua filosofia baseada em preconceitos, ódio e violência, dominando o cenário político e, muitas vezes, nos desanimando a ponto de considerarmos desistir. Vivemos em estados como SC, RS e PR, onde o nazismo e as dissensões familiares estão em ascensão. E isso ocorre justamente nas regiões onde a população é mais culta e instruída – imagine o cenário no restante do país. São questões que precisam ser enfrentadas com urgência.
Os mais jovens, por vezes, acreditam que as coisas sempre foram assim. No entanto, já superamos uma ditadura de 21 anos, durante a qual nossos líderes foram eliminados e nosso partido foi praticamente extinto. Embora o momento seja difícil, isso também passará. Perdemos a última eleição, mas não perdemos nossos propósitos de construir um mundo mais justo. Assim como no passado, voltaremos a lutar para diminuir a desigualdade e a injustiça, para que o nosso povo, mais educado e consciente, possa discernir entre aqueles que realmente defendem seus interesses e aqueles que apenas os exploram.
Aqui em SC, não elegemos nenhum prefeito e temos poucos vereadores. Os partidos de direita competem com a extrema-direita, enquanto o PT com toda sua máquina federal, elegeu 7 prefeituras, também perdeu seu discurso. Se não se reinventar, em breve não elegerá mais ninguém. É um partido que chegou várias vezes ao governo, mas continua defendendo um modelo econômico perverso e explorador que sempre condenamos.
Independentemente de onde vivemos, sabemos quem enriquece às custas de quem trabalha e paga impostos. Minha agenda permanece aberta, apesar de todas essas dificuldades, para continuar promovendo o trabalhismo como um modelo econômico, social e educacional capaz de enfrentar essas questões.
