Ciro Gomes no Fórum Otimista: Brasil em Crise, 2026 em Aberto e um Candidato a Menos

Ciro Gomes no Fórum Otimista: Brasil em Crise, 2026 em Aberto e um Candidato a Menos

Na última segunda-feira (9), o ex-ministro e ex-candidato à presidência Ciro Gomes foi o destaque do Fórum O Otimista Brasil, realizado em São Paulo. Com seu estilo direto e provocador, Ciro abordou o cenário político nacional com críticas contundentes, análises afiadas e uma revelação que surpreendeu até mesmo parte de seus apoiadores: ele não será candidato à presidência em 2026.

“Não pretendo mais incomodar o eleitor”

Cansado das derrotas eleitorais e, segundo ele, do “pouco espaço para projetos estruturais no debate público”, Ciro anunciou que está fora da disputa presidencial. “Não pretendo mais incomodar o eleitor”, afirmou, encerrando um ciclo iniciado em 1998 e marcado por quatro candidaturas ao Planalto.

A fala não foi apenas um desabafo: foi também um sinal de que ele pretende atuar mais como analista político e formador de opinião do que como protagonista eleitoral nos próximos anos.

Bolsonaro fora, mas o bolsonarismo continua?

Sobre o campo da direita, Ciro acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve estar condenado até outubro de 2025 e talvez preso durante as eleições. No entanto, ele alerta: isso não significa o fim do bolsonarismo.

Ciro prevê que a estratégia de 2018 pode se repetir: uma chapa liderada por Michelle Bolsonaro, com a possibilidade de ser impugnada posteriormente, abrindo espaço para um substituto previamente escolhido pelo ex-presidente. Para ele, é uma tática pensada para manter o “espírito bolsonarista” no jogo mesmo sem Jair no comando.

Lula envelhece, e a esquerda se fragmenta

Do outro lado, Ciro destacou o desgaste físico e político do presidente Lula, que estará com cerca de 80 anos em 2026. Segundo ele, há chances reais de Lula não disputar a reeleição, o que poderia provocar uma divisão significativa no campo progressista — lembrando, inclusive, a eleição de 1989, quando diversos candidatos da esquerda concorreram isoladamente.

O xadrez da direita: quem se destaca?

Na avaliação de Ciro, alguns nomes despontam no campo conservador:

  • Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, é o mais preparado e viável;

  • Ronaldo Caiado (Goiás) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) também foram elogiados como bons gestores;

  • Romeu Zema (Minas Gerais), por outro lado, foi duramente criticado: “um verdadeiro desastre”.

Essa análise mostra que, com Bolsonaro potencialmente fora do páreo, a direita terá que lidar com vários candidatos disputando o mesmo espaço — o que pode favorecer um nome de centro ou até da esquerda moderada.

Um jogo totalmente aberto

Ciro Gomes foi claro: o cenário para 2026 está completamente em aberto. Com os dois polos enfraquecidos, Lula pelo tempo, Bolsonaro pela Justiça, abre-se uma oportunidade para novos nomes surgirem.

Mesmo fora da corrida, Ciro não sai de cena. Ele segue como uma das vozes mais críticas e experientes da política brasileira. E talvez, sem a pressão de uma candidatura, ganhe ainda mais liberdade para dizer o que pensa, com a acidez e franqueza que sempre o caracterizaram.