Carta de amor ao Brasil
Detalhe do Cartaz do 18o. Grito dos Excluídos, com ilustração de Francisco Daniel

Carta de amor ao Brasil

Faça-se o Brasil ao povo brasileiro, não ao barão ou ao vendilhão, mas ao negro, ao mulato, ao luso ou ao autóctone, filhos da terra que na labuta diária fazem valer o suor e o sangue dos que morreram por um Brasil digno do sonho de Getúlio.

Que o meu país, independente, forte, e vivificado na economia de Rangel, na diplomacia de Rio Branco, e na pena de Assis seja ao seu tempo ainda a glória de meu filho e a esperança de meu neto.

Que a mulher brasileira, Leopoldina, Quitéria, a brava dona Maria, seja não tão somente a valente guardiã do lar, mas a tenaz guardiã da pátria, que de seu seio jorre a vida aos futuros heróis e heroinas do povo, mas mais ainda, que de seus ideais cresça um novo tempo, e que ecoe alto em nosso coração a voz desta intrépida, fazedora da nação.

Aos estandartes, aos baluartes, voltemo-nos não para que nada digam, envergonhados, entristecidos ante a fome e a agonia, mas resplandeçam a casa comum do brasileiro daqui e também do que não por nascimento tornou-se filho desta terra de imigrantes.

Não chore minha partida, pois nesta terra guardarei não tão somente o meu corpo, aqui jazerá também minha alma, amalgamada aos retalhos da história de um povo novo.

E caso nada faça eu digno de nota, ainda assim cantarão os menestréis sobre meu amor ao Brasil, e sobre esta carta, que por deveras pequena cabe ainda um pais todo.

E quando eu deixar-te, deixo com a certeza que se não ainda, mas não tarda um Brasil feito ao povo brasileiro.