Com o fim das eleições municipais, é fundamental que voltemos nosso foco para a construção da unidade interna, visando fortalecer nossos quadros e superar a cláusula de barreira nos próximos dois anos. Além disso, devemos trabalhar para ampliar nossas bancadas estaduais e federais, garantindo maior representação e influência no cenário político nacional.
Diante das discussões recorrentes sobre a participação no governo federal, é importante compreender que essa decisão não foi tomada com base em uma afinidade ideológica com o projeto petista, mas sim por um pragmatismo político que envolve fatores regionais e a necessidade de proteger nossos mandatos do assédio da máquina governamental. Embora entenda essa estratégia, não significa que concorde com ela.
Nosso projeto político, com Ciro ou sem Ciro, não é o mesmo do PT para o Brasil. Como bem demonstrou Brizola. Ao longo das nove eleições presidenciais desde a redemocratização, nosso partido apoiou o PT no primeiro turno apenas três vezes (Lula em 1998, Dilma em 2010 e 2014). Essa história mostra que nossa relação com o PT sempre foi marcada por uma independência estratégica, e não por uma submissão ideológica.
Se, por um lado, a conjuntura atual dificulta uma saída imediata do governo federal, por outro, é fundamental compreendermos que não temos qualquer obrigatoriedade moral de seguir o PT nos estados e municípios em nome de um suposto “campo popular”. Se esse campo de fato existisse de maneira coesa, Brizola teria vencido Collor em 1989 e Ciro teria derrotado Bolsonaro em 2018.
Ainda assim, é equivocado afirmar que o PDT se tornou subserviente ao PT. Basta olhar para os estados para perceber a autonomia de nossas decisões. No Rio Grande do Sul, mantemos vida própria. Em Santa Catarina, tivemos candidatura própria ao governo e nossa bancada na Assembleia Legislativa não integra o bloco do PT e PSOL. No Paraná, estamos prestes a filiar o deputado Requião Filho, que está deixando o PT por ser crítico ao governo federal, com o objetivo de fortalecê-lo como candidato a governador.
Na Bahia, o PDT tem construído alianças com ACM Neto, enquanto no Ceará houve rompimento com o PT. Em Goiás, o partido mantém boas relações com Ronaldo Caiado. Esses exemplos mostram que nossa legenda continua a atuar com independência e pragmatismo, buscando as melhores estratégias para o fortalecimento do trabalhismo no Brasil.
Nosso desafio, portanto, é manter uma postura dialética, unindo forças e consolidando nosso partido tanto nos legislativos quanto nos executivos municipais e estaduais. Somente assim poderemos, o mais breve possível, eleger um presidente verdadeiramente trabalhista, comprometido em aplicar um programa único no Brasil e no mundo, que represente os ideais e valores que defendemos.

